Thursday, May 6, 2010

Prevenção da Poluição

Hoje fizemos uma sessão de seminários para debater a prevenção da poluição e a "hipótese de Porter": poluição=ineficiência no uso de recursos, portanto "vale a pena (financeiramente) ser verde".

Discutimos três artigos: um do Porter e Van Den Linde, de 1995, que lança a idéia; uma pesquisa de três italianos que analisaram projetos de prevenção de poluição e outro de dois americanos que cruzaram dados contábeis e de tratamento de poluentes de 614 empresas. Estes últimos comprovam a teoria de primeiro: empresas que investem na prevenção da poluição ao invés do controle de poluição têm melhor resultado financeiro. Ou seja, não gerar resíduo ao invés de tratá-lo é um uso mais eficiente dos recursos e, portanto, mais econômico.

Hoje minha dinâmica para o debate foi um pouco diferente das aulas anteriores. Ao invés de trabalhar com as questões que os alunos trazem, eu fiz a pergunta que não quer calar. Uma tecnologia melhor sempre mata uma pior. Minha comparação foi o retroprojetor e o projetor multimídia: ninguém prefer o primeiro ao último. Então, se prevenção da poluição é tão melhor do que o controle, porque este último não foi varrido do mapa? Ainda vemos chaminés, estações de tratamento de efluentes...

Meus alunos levantaram algumas hipóteses interessantes:

* Investimento inicial: mudar processos existentes pode sair caro. (Neste caso, a idade dos equipamentos pode ser um fator relevante na adoção destas tecnologias).
* Inércia administrativa: a "síndrome de Gabriela" (eu nasci assim, vou ser sempre assim...), ou seja, a ideia de que as coisas sempre foram feitas desta maneira na empresa e não tem porque mudar.
* Incentivos (ou a falta deles): inexistência de financiamentos com taxas diferenciadas para projetos de prevenção ou incentivos fiscais. Há, entretanto, incentivo para remediação (até 90% das multas ambientais podem ser usadas pela empresa para isto.
* Falta de evidenciação contábil: não há elemento dos demonstrativos contábeis que apontem onde, especificamente, foram investidos os recursos do orçamento ambiental de uma empresa.
* Falta de comunicação entre as áreas (engenharia e contabilidade, por exemplo): a informação do que acontece na área técnica não chega na área administrativo/financeira.

Os alunos também apontaram a falta de uma disciplina nos currículos dos cursos de Administração e Ciências Contábeis para tratar de sustentabilidade (o curso de Economia tem uma disciplina de Economia do Meio Ambiente). Eu sei que a UFRGS e a FACCAT têm disciplinas assim para os seus cursos de Administração, mas seria uma pesquisa interessante saber quantos outros cursos oferecem disciplinas semelhantes.

UCS 2010

Este semestre eu comecei uma turma no Mestrado em Administração da UCS. É uma turma pequena: Adrieli (economista), Maria Tereza (contadora) e o João (contador).

Vou postar neste blog alguns insights que surgem nos encontros.